Aterro em Caieiras está recebendo mais lixo do que deveria
terça-feira, 15 de maio de 2012A cidade de São Paulo absorve apenas metade das 12 mil toneladas de lixo domiciliar que produz diariamente. A outra metade é enviada para um aterro sanitário privado na vizinha Caieiras, a noroeste da região metropolitana, a um custo de R$ 3 milhões por mês para a Prefeitura de São Paulo.
O único aterro municipal em funcionamento hoje em São Paulo é a CTL (Central de Tratamento de Resíduos Leste), em São Mateus, na Zona Leste de SP, com capacidade para receber 6 mil toneladas por dia de resíduos e vida útil de 11 anos. Em uma área de 1,1 milhão metros quadrados, o aterro foi construído pela Ecourbis Ambiental, uma das responsáveis pela coleta e destinação dos resíduos na capital.
A outra empresa que faz a coleta, a Loga, utiliza a CTR (Central de Tratamento de Resíduos) Caieiras, a 35 quilômetros da capital. A CTR foi construída numa área total é de 3,5 milhões de metros quadrados.
Em operação desde setembro de 2002, a central tem capacidade para 60 milhões de metros cúbicos de resíduos, ou cerca de 36 milhões de toneladas de lixo. De 2002 até agora, o aterro já recebeu em torno de 10 milhões de toneladas de resíduos e a estimativa é que ele possa acumular lixo por 20 anos.
Embora Caieiras tenha uma população de 88 mil habitantes, a cidade recebe o lixo de 1,4 milhão de domicílios da capital. Segundo o prefeito Roberto Hamamoto, a distorção acontece em função de um contrato assinado por seu antecessor, que prevê como contrapartida para o município a destinação de 1% do faturamento do aterro para o fundo social da prefeitura. “Além disso, o município recebe gratuitamente o serviço de coleta e destinação do seu lixo e já estamos recebendo mais do que deveríamos”, disse. “O problema é que receberíamos as contrapartidas por 70 anos e, agora, com o excesso de lixo recebido no aterro, ele não vai durar mais do que 20 anos em operação.”
De acordo com Marcio Matheus, presidente da Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana de São Paulo), a utilização do aterro de Caieiras é provisória, enquanto a Loga não encontra uma área adequada dentro da cidade de São Paulo. “Até lá usamos esse aterro privado e o custo é embutido na tarifa que é paga a Loga”, afirmou.
A construção dos aterros pelas empresas que fazem a coleta faz parte dos contratos assinados com a Prefeitura. Em 2004, essas duas empresas venceram a concorrência pública que assegurou a concessão por 20 anos, no valor de R$ 9,8 bilhões. A Ecourbis é responsável por atender 1,6 milhão de domicílios da região Sudeste e a Loga atende a região Noroeste, com 1,4 milhão de domicílios.
Para a coordenadora da área de resíduos sólidos do Instituto Pólis, Elisabeth Grimberg, a situação do lixo em São Paulo mostra o esgotamento de um sistema. “As áreas para construção de aterros estão cada vez mais caras e distantes”, disse. “Além disso, estão sendo utilizadas áreas agriculturáveis, que poderiam abrigar cobertura vegetal e criam impacto ambiental na vizinhança.” A solução, segundo a especialista, está em um sistema efetivo de reciclagem do lixo. “Cerca de 90% dos resíduos domiciliares têm alternativa sustentável de destinação”, disse.
Itaqua e Osasco têm aterros impróprios
Relatório da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo) aponta que 153 cidades do estado, ou 23,7% de seus municípios, jogam resíduos em locais impróprios. Na Grande São Paulo, Osasco e Itaquaquecetuba possuem aterros em áreas consideradas preocupantes pela Cetesb.
Em Osasco, a prefeitura promete resolver o problema em cinco meses. Em Itaquaquecetuba, a situação de um aterro impróprio se estende há 12 anos. Com a interdição há um ano do aterro da empresa Pajoan, o sistema de coleta e destinação do lixo nas cidades do Alto Tietê está prestes a entrar em colapso. Mesmo interditado, o aterro da Pajoan continuou a ser utilizado, o que fez com que a empresa que o administra fosse multada sucessivas vezes pela Cetesb.
Segundo Pedro Campos, secretário executivo do Consórcio dos Municípios do Alto Tietê, as dez cidades da região produzem 1,3 mil toneladas de lixo por dia. Parte está sendo levada para um aterro na cidade de Santa Isabel. Outra parcela segue para Caieiras e também Cachoeira Paulista. “São cidades muito distantes, o que está tornado muito caro o sistema de lixo da nossa região”, afirmou.
A Cetesb aplicou no início do mês seis multas ao aterro da Pajoan, que totalizam o valor de
R$ 1 milhão. De 2000 até maio deste ano, a Cetesb já aplicou 69 multas ao aterro, cujos valores ultrapassam os R$ 9 milhões.
Segundo a Cetesb, outros aterros da Grande São Paulo que receberam multas nos últimos meses por estarem inadequados foram os de Mauá, Santa Isabel e Embu das Artes.
A Cetesb encontrou nesses lugares grande volume de resíduos descobertos e a presença de aves de rapina em quantidade excessiva. Em Embu não havia licença.
48%
do lixo do país vai para local impróprio
Lei proíbe lixão em todo país a partir de 2014 – A lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos determinou que lixões a céu aberto e aterros controlados ficam proibidos a partir de 2014 em todo o país.
6,4 milhões de toneladas de lixo não foram coletadas – Estudo mostra atraso na coleta de resíduos. Estudo da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais mostra que das 62 milhões de toneladas de lixo geradas em 2011 no país, 23 milhões foram para lixões.
Estado de São Paulo ainda tem áreas inadequadas
No estado de São Paulo, segundo o estudo da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais , 24% são depositados em áreas impróprias.
Fonte: Rede Bom Dia
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