Falta de médicos atinge periferia de Caieiras
quarta-feira, 23 de maio de 2012A teleoperadora Susana Silva Matos, grávida de 9 meses, correu na manhã da última sexta feira, para a Maternidade Estadual de Caieiras, na região metropolitana de São Paulo, para ter seu filho. A bolsa havia rompido e a criança estava para nascer. Ao chegar lá, uma funcionária, que se disse assistente social, informou que não havia médico de plantão e ela deveria ir de trem até outro hospital, em Parada de Taipas, já na Zona Norte de SP.
“Comecei a chorar e implorar até que resolveram me transferir para um hospital particular em Caieiras mesmo, onde tive meu filho”, contou Susana. “Se eu tivesse ido de trem, a minha criança ia nascer no vagão.”
No mesmo dia, a jovem Bianca Lisboa também não conseguiu ter seu filho na Maternidade Estadual de Caieiras porque não havia médico. Depois de angustiantes momentos, ela foi transferida para o mesmo hospital particular onde estava Susana e lá teve seu parto custeado pelo SUS e pela Prefeitura de Caieiras.
As histórias de Susana e Bianca ilustram uma situação cada vez mais frequente nos hospitais estaduais das regiões mais distantes do Centro da Grande São Paulo.
Em Caieiras, segundo o prefeito Roberto Hamamoto, a maternidade, que foi estadualizada e é ligada ao Hospital Regional de Franco da Rocha, passa quatro dias por semana sem o quadro completo de médicos. “É uma situação caótica e a população não entende que não é culpa da prefeitura”, disse Hamamoto.
A secretária municipal de Saúde, Miriam Neves, contou que nos casos mais emergentes, como os de Susana e Bianca, as pacientes são transferidas para um hospital particular e a prefeitura arca com a metade dos gastos com o parto. “Pagamos metade e a outra metade fica com o SUS”, disse. “Nós gastamos em média R$ 30 mil mensais para atender esses partos que não podem ser feitos na maternidade estadual.”
Na região do Alto Tietê, as cidades de Ferraz de Vasconcelos, Mogi das Cruzes e Itaquaquecetuba também estão com problema de falta de médicos, de acordo com Pedro Campos, secretário executivo do Consórcio dos Municípios do Alto Tietê. “A saúde, com o déficit de médicos, é hoje o nosso principal problema”, afirmou.
Segundo João Paulo Cechinel Souza, diretor do Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo, a origem do problema de falta de médicos nas regiões mais distantes está na defasagem salarial dos servidores do Estado. Nos hospitais estaduais, por um plantão de 12 horas, o médico recebe uma remuneração de R$ 660, enquanto na rede privada paga-se em média R$ 1,5 mil.
“Os baixos salários e a falta de um plano de carreira têm feito com que ocorra uma carência absoluta de profissionais de saúde nos hospitais estaduais”, afirmou.
A Secretaria de Estado da Saúde admitiu que está com dificuldade de fixar médicos nas zonas Leste e Norte da capital, além das cidades do chamado Alto Tietê e na região de Franco da Rocha, onde fica Caieiras.
De acordo com a secretaria, faltam médicos intensivistas, anestesistas, psiquiatras e neonatologistas.
Fonte: Rede Bom Dia
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